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Foto do escritorGabi Valadão

Uma história sobre a maternidade para o dia das mães

Esse texto não é um texto convencional de dia das mães, porém é um tipo de texto cada vez mais comum. E ainda bem! Os discursos relacionados a mulher vem mudando (devagar).

Hoje em dia conseguimos vencer muitos desafios e isso acaba fazendo o feminismo um movimento muito atento a sutilezas. Temos grandes causas, a equiparidade salarial por exemplo e também temos muitos recortes, como o feminismo negro.

E muitas vezes assim como neste texto, esse recorte não me inclui e essa causa é algo distante para mim. Então hoje eu venho aqui falar sobre o feminismo e maternidade. Essa é uma visão totalmente pessoal e de um lugar de muitas dúvidas.

A intenção de escrever esse texto surgiu a partir do momento em que precisei fazer um post sobre o dia das mães. Mas eu não queria cair no clichê da supermãe. Isso me levou a ler Chimananda Ngozi Adichie, uma autora que já admirava e que diz “Escolher escrever é rejeitar o silêncio”.

E o meu silêncio em relação a questões associadas a maternidade vem do lugar que eu não sou mãe e nunca quis ser. Também daí vem meus primeiros questionamentos. A maternidade deveria ser uma escolha, o ato de criar um ser humano é complexo demais e exige mais vocação, dedicação e tempo do que um útero pode oferecer. E muitas vezes essa escolha não é oferecida a mulheres, ela é imposta e para algumas mulheres (assim como eu) ela se torna algo negativo, uma coisa que venho mudando.

E convenhamos, a maternidade é um fardo. Não gostaria de usar nenhuma palavra negativa aqui, porém a maternidade é sim algo que muitas mulheres carregam. Algumas carregam isso de forma feliz e prazerosa, outras sofrem. E esse sofrimento é silenciado, existe muito preconceito com o sofrimento maternal.

Uma mãe tem que ser grata e viver a maternidade como uma dádiva. E enquanto utilizamos de esteriótipos e as parabenizamos por conseguir lidar com os afazeres domésticos e o trabalho e a dificuldade do dia a dia e o preconceito por ser mulher e também e não menos importante com um filho, nós esquecemos que essa mulher não merece só parabéns mas merece ajuda.

A cada vez que uma criança nasce, uma mulher se transforma em mãe. Seja seu primeiro ou décimo filho, ela ganha afazeres e responsabilidade. E talvez outros milhares de sentimentos que eu nunca senti. E eles não existem só quando os filhos são jovens e vivem sob o mesmo teto, ser mãe é trabalho eterno.

E as mães não precisam ser supermulheres. Se tem uma coisa que a minha mãe me ensinou é que mães também tem sentimentos. Ter um filho traz um milhão de obrigações mas você não aprende tudo na hora do parto. E para levar uma maternidade de forma saudável é preciso desconstruir algumas ideias e de uma rede de apoio. A solidão materna é outra coisa a ser levantada, uma mãe é muito mais que uma mãe e ela merece ter com quem contar. Aqui nos entramos em outros quesitos: desde a depressão pós parto até o abandono parental. A maternidade é questão social e politica.

E sendo assim, a maternidade é um recorte do feminismo. Sim o aborto e os métodos contraceptivos devem ser abordados. Mas as mulheres que escolhem pela maternidade também, e merecem ser ouvidas.

A maternidade na minha concepção foi a primeira vez que a mulher teve um protagonismo, a geração de uma a vida é assunto de mulher. Assim como tudo que nós quisermos que seja. Mas apesar de ter se tornado algo cheio de contradições, vai estar para sempre relacionado a feminilidade e merece sempre ser revisitado. E hoje como filha decidi revisitar e apresento essas questões pois esse é o meu jeito de dizer “Feliz dia das mães” a todas que exercem esse papel e fizeram essa escolha,ou não. Que um dia realmente seja uma escolha. E que tenhamos cada vez mais maturidade para falar sobre esse tema.

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