Provavelmente todo mundo alguma vez (talvez não homens ricos, brancos, héteros e privilegiados mas só talvez) já foi vítima da síndrome do impostor.
Esta desgraça que acomete milhões de pessoas por ai afora é uma coisa muito mais séria do que o que eu vou falar aqui, com certeza. E é descrita como uma desordem psicológica que faz com que nos seres humanos acreditemos que tudo de bom que aconteceu em nossa vida é obra da sorte ou do destino ou até mesmo de outras pessoas. Essa pessoa logo se vê como uma fraude, ou alguém que não merece estar onde está e vive com medo de ser julgado.
Ai chegamos ao ponto que quero falar aqui, julgamento. Muitas vezes antes mesmo dele acontecer a gente se cerca de autosabotagem e medo. Quando isso acontece nem existe a chance de ser julgado, se criam barreiras para que o sofrimento nunca atinja nossos sonhos.
O que muitas vezes, faz com que o sonho fique engavetado numa gaveta para sempre. É fácil na sociedade em que a gente vive assumir um papel, sempre vão existir expectativas, elas nascem com cada pessoinha. E ser o que se espera de você muitas vezes pode parecer tentador, a cada conquista as palmas veem fáceis. O desejo do publico está sendo atendido.
E essas expectativas as vezes vem em forma de conselho, as vezes em forma de notas, as vezes em forma de ofertas. Dizer não a cada uma dessas expectativas exige coragem. E longe de mim afirmar que precisamos negar essas expectativas para ser feliz, esse não é e nem pretende ser um texto de autoajuda. Eu não sou qualificada para ajudar ou guiar ninguém, mas existem pessoas que são. Se você se identifica com algo aqui, talvez seja interessante procurar essas pessoas ou um amigo (TALVEZ).
A intenção aqui é a análise e a reflexão de um padrão social (o que ai eu posso falar com um pouco mais de propriedade). Vivemos numa sociedade que nos atribui papeis: por gênero, por classe social, por cor, por descendência. E tão comum quanto a síndrome do impostor, e provavelmente um dos sintomas dela, é a falta de confiança.
Muito mais simples e muito mais recorrente, alguma vez você já olhou para suas atitudes e pensou “Eu não tenho nenhum talento para fazer isso”? Você nem chega a tentar para questionar seu sucesso. Você simplesmente aceita que ficar aonde está basta. E arriscar ser julgado não vale a pena, o que as vezes não vale mesmo. Não faria nenhum sentido eu participar do the voice por que eu só passaria vergonha, e eu vivo muito bem com isso. O problema está naquilo que tira meu sono de noite e em todas as vezes que eu me senti imbecil por não tentar alguma coisa nova e/ou por perder tempo.
Novamente esse não é um texto de autoajuda, eu realmente não sei como resolver esse problema. Mas eu sei que existem muitas pessoas por aí que precisam confiar mais em si mesmas (inclusive eu, que só recentemente permiti que pessoas fora do meu circulo próximo lessem coisas que eu escrevo).
E hoje eu não ligo para o que as pessoas que leem o que escrevo vão dizer?Muito pelo contrário, eu ligo e muito. Mas eu vejo isso como uma possibilidade de melhorar algo que gosto de fazer, e talvez também me faça criar coragem para fazer outras coisas que me dão medo. Por que a opinião das pessoas é algo que não da pra controlar mas o que você sente em relação a isso e o medo, isso sim está sobre seu controle (e esse é um conselho vindo direto da minha terapia).
Então, é bom não ignorar essas diferenças que são impostas a nós e questionar esses papeis. Preferencialmente como comunidade. E esse é o recado mais importante aqui,por que uma andorinha não faz verão e se todas as andorinhas estão por ai se questionando e se sentindo imbecis, não vai ter nenhum verão.
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